segunda-feira, 19 de março de 2018

Cuide....


Ela atrasa por atenção

Ronaldo Magella 19/03/2018

Já aprendi, puxo pelo pé, não tem mais tolerância.

Acabou, levanta a cuida. Anda logo!

Ela atrasa por atenção, só mais dois minutos, ela diz.

Que nada. Ela atrasa. É costume, tem a fama, conhecida.

Uma vida pra o banho, um século pra o cabelo, uma década para o rosto.

No banho ela pensa na roupa, secando o cabelo ela já mudou de ideia, pintando o resto ela já desistiu mil vezes, chega a chorar, se arrepende, volta atrás, desiste outra vez, fica magoada, porra, não sei, vai essa merda mesmo, foda. Se lasque.

O resultado? Com raiva, ela diz, não me arrumei direito. Porra.

Ela reclama. Você precisa me elogiar mais, ela me diz. Matei.

Ela só quer atenção, toda demora, todo atraso, ela só quer atrair seus olhos, ter a sua atenção.

O atraso é sempre um esforço para seduzir, a demora só deseja atenção, o cuidado sempre espera um elogio.


sexta-feira, 9 de março de 2018

Afinidades


Onde não existir afinidade, não se demore

Ronaldo Magella

Se a conversa não fluir, não fique
Se o beijo não for bom, corra
Se o abraço não aperta, desista
Se os corpos não desejarem, não compensa
Se não houver sorrisos, se vá
Sem respeito, diga adeus
Sem afeto, não perca tempo
Sem carinho, diga tchau
Quando o silêncio for maior, saia
Se não houver afinidades, não insista
Sem parceria, siga em frente
Sem atenção, cancele
Sem vontade, se proibida
Se forçada (o), diga não
Onde não se enxergar, não se demore
Onde não houver reciprocidade, cai fora
Se não for pra ir junto, melhor ir só

domingo, 4 de março de 2018

Crônica


Nem sempre o silêncio cala o pior

Ronaldo Magella – professor, jornalista

Silêncio não quer dizer dor, silêncio nem sempre é ausência, silêncio não significa que não sentiu, não gostou.

Sei que dói não ouvir palavras, ter um comentário, saber uma resposta para o que sentimos ou realizamos.

Mas diante do silêncio do outro não podemos pensar o pior. 

Nada nos incomoda mais do que o silêncio do outro diante da nossa ávida busca por respostas.

Quando a gente não sabe o que o outro pensa, melhor deixar que fale ou cale, conforme desejar.

Quando há silêncio, nos resta observar. E esperar.

Nem todo gostar vem acompanhado de palavras, frases e declarações, às vezes quem cala sente mais.

Há muito barulho no silêncio, o mundo interior muitas vezes chega até nós de outras formas, nem sempre com sons e melodias verbais.

Precisamos aprender a ouvir o que outro diz sem palavras.

Precisamos sentir o outro sem barulho.

Precisamos saber do outro sem que ele nos conte.