quinta-feira, 2 de março de 2017

Tempos...

Oferta sem desejo: tédio

Ronaldo Magella 02/03/2017

Outro dia conheci uma garota e logo que começamos a conversar ela foi direto ao assunto, sexo sem compromisso rola?

Pensei de imediato que ela estaria me trollando, ou algo assim, mas depois vi que não, em sua argumentação me disse ser livre de preconceitos e tabus e queria apenas uma relação casual sem fins futuros, sentimentais ou relacionais.

            Agradeci o convite, desejei-lhe boa sorte e lhe disse que não era o cara que ela estava procurando.

Ela me respondeu que estava chocada e surpresa por não entender como eu havia recusado tamanha oferta e mais sem ônus algum, sim, claro, confesso, uma proposta tentadora, mas tediosa.

            Sexo em nossa sociedade se tornou algo fácil demais e como tudo que é fácil, um dia perde a graça.

A gente só bebe água pela sede e não porque há água em demasia sobrando em algum lugar.

            É a vontade que nos faz querer e não a oferta.

            Quando há oferta sem desejo, o uso não acontece ou o abuso se torna mais evidente, por abuso entenda-se, tédio. 

            Não é o fácil que torna a coisa gostosa, mas a descoberta, a invasão, a conquista, a dominação, o avanço, o acontecimento, o risco, o medo, a insegurança.

            Não estou a procura de sexo fácil, sofro de romantismo, um mal, eu sei, mas que posso fazer, a gente é o que é, e já que somos, somos, apenas e isso, talvez, baste.

            Antes do prazer prefiro a convivência, depois do prazer quero o afeto, não apenas o corpo se expressando quimicamente, o amor eu seu formato mínimo, com o triste fim da solidão.


            Certamente minha amiga irá cedo ou tarde saciar a sua vontade e o seu desejo, mas deitará em sua cama sozinha e acordará com uma leve sensação de vazio e não pertencimento. 

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