terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Devagar

Pra que definir algo que chegará com o tempo?

Ronaldo Magella 21/02/2017

Muitas vezes penso que o erro é classificar a relação antes do sentimento, antes das emoções, e o que sobra depois é raiva, mágoa, ressentimento, culpa, indiferença.

Aprendi que é a vontade, o desejo, a saudade, a falta que une as pessoas, não o rótulo, o acordo, a classificação.

Tem muita livre que se ama, se gosta, tem muita gente presa, amarrada que se suporta e adoraria está livre, em liberdade, por não mais suportar a convivência.

Fosse a gente maduro, saberia que dentro de uma relação cedo ou tarde tudo acontece, nos envolvemos e nos apegamos, os sentimentos nascem, crescem e nos prendem nos fazendo ficar.

Mas parece que a gente precisa de uma segurança, ou tem pressa, sente conforto em determinadas situações, afinal, se não temos um nome, não temos nada, e contra a liberdade do outro nada podemos fazer.

Mas na pressa a gente acaba atropelando etapas, pulando situações, não observando os detalhes.

A gente cobra e pressiona por uma definição, o que somos, pra onde vamos, o que devemos fazer, como vamos nos comportar, vamos ser namorados ou apensas ficar, temos futuro ou só o presente?

Hoje entendo que é falta quem irá definir tais situações, a saudade, a ausência, no contato, com a convivência vamos sentindo e sentindo vamos gostando e ao gostar queremos ficar mais, ver mais, ter mais, viver mais.

Uma amiga me conta, já avisou ao namorado, não quero mais casar, quero viver sozinha e ter você comigo, quero minha liberdade, quero poder tomar minhas decisões, ela está certa, mas é o momento dela, isso poderá mudar com o tempo, com as circunstâncias.

Outra amiga me diz, não quero definir coisas, tomar decisões, criar condições, impor regras, rotular o que estou vivendo, quero apenas viver, e isso me basta.

A minha experiência me ensinou que a demasia não faz falta, a gente só deseja o que não tem.

Já fui apressado, já fui impaciente, já cobrei, já fui apressado e já perdi, hoje entendo que as pessoas têm ritmo, uma velocidade, mas elas podem ser atropeladas pelo que sentem, pelo desejo.

No começo tudo começa com calma, com prudência, cheio de medo, dúvidas, mas quando perdemos os receios e somos tomados de fome pelo outro até a vergonha perdemos queremos apenas viver.

Sei que uns vão mais lentos, outros mais velozes, a estes o meu conselho, viva e deixa viver, provoque desejo e saudade, o resto se resolve, e se não se resolver, revolvido já está.


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