Pensando com Nietzche
Ronaldo Magella 28/11/2016
Nietzsche em “Assim Falou Zaratustra” amplia o conceito de
riqueza. Ao desce de sua solidão e das montanhas encontra um velho sábio, este
lhe aconselha a dar aos homens uma esmola, Zaratustra porém retruca, dizendo-lhe
não dar esmolas, uma vez que não era pobre o suficiente para tanto.
O pensador alemão argumenta, em seu personagem mais famoso,
que a riqueza ou o dinheiro é a menor das riquezas, como comparar os bens
materiais diante dos sentimentos, do intelecto, do pensamento, do sentir, do
amor, da paixão, da paz, da caridade, da nobreza, do caráter, da amizade?
Há tantos que dão coisas, eu me dou a mim mesmo, eis a minha
riqueza, talvez quisesse dizer Zaratustra, amo os homens e a eles dou minha
vida, minha sabedoria, meu espírito, meu tempo, minha paz, aquilo que é meu e
não aquilo que tenho, aquilo que sou e não quero que ganhei, aquilo me tornei e
não aquilo que perderei.
Costumamos dar coisas, mas não nos entregamos, é fácil dar,
difícil é doar-se, se entregar, descer do orgulho, da vaidade, do ego, das
paixões e doar a nós mesmos, aos que temos de mais sagrado e rico, a nossa
própria vida, a nossa alma, o nosso espírito, o nosso coração.
Já estamos cheio das coisas e vazios de pessoas, estamos
conectados, mas solitários, somos modernos, mas carentes, temos bens,
aparelhos, mas pouco confiamos nas pessoas, pouco sentimos segurança, um mundo
cheio de curtidas, likes, comentários, mas de poucos afetos, as máquinas nos
servem de companhia, enquanto ofertamos esmolas já que não temos coragem de nos
dar.
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