É a ausência que nos faz entender a presença
Ronaldo Magella
30/08/2016
Uma amiga me conta, terminei meu namoro, sei lá, foi o
momento, não queria mais, era um misto de raiva e uma sensação de liberdade
ótima, como tirar um peso das costas.
Mas o tempo não demorou muito, o sentimento de liberdade foi
sufocado pelo estranho pesar da solidão, a ausência foi mais presente do que a
raiva e todos os motivos que tinha para o fim.
Chorei, igual criança longe da mãe, sem brinquedo, perdida,
sozinha num quarto escuro, sem ter ao que me agarrar, como alguém que está se
afundando na água, se debatendo. Horrível sensação da falta de segurança, da
liquidez.
Foi então, me contou, que percebi que, o que sentia por ele
era mais forte do que todos os motivos que eu tinha para terminar, ser livre e
viver longe, senti a falta dele como nunca antes, e nenhuma liberdade iria me
fazer deixar gostar, nesse momento resolvi voltar.
Gostava dela, entendi isso, e isso era mais forte, importante
e bom.
Penso na história da minha amiga e percebo, o que já
entendia, que é a ausência que nos faz, talvez, perceber a importância da
presença do outro. Talvez a proximidade do fim, da liberdade nos assuste e nos
faça querer retornar ao nosso ponto seguro.
Liberdade quer dizer solidão, ser livre quer dizer que
estamos por nossa conta e risco, que somos os responsáveis, os únicos, e tenho
a leve sensação de que em mundo onda a insegurança, o medo e a indiferença das
pessoas são cada vez maiores, ser livre é uma das nossas últimas opções.
Ter um mundo cheio de escolhas pra fazer não irá nos garantir
a felicidade, isso não se comprova, penso, talvez, que seja mais feliz quem
conhece a si e as suas possibilidades, e as vive, como pode, do que alguém que
invista sempre em mudar, em arriscar, em variar. Isso cansa.
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