Não é o que se pode dar,
mas o que se pode viver
Ronaldo Magella 10/06/2016
(jornalista)
Tenho a leve sensação de que as pessoas estão trocando os
afetos pelos produtos, é fácil entregar presentes, difícil mesmo é se entregar.
Toda relação é baseada na troca, não de coisas, mas de
afetos, é no carinho, na amizade, no companheirismo, no diálogo que se edifica
algo bom, firme e intenso entre os casais.
Mais importante do que poder dar alguma coisa, é poder viver
algo que seja eternizado.
Sentir a outra pessoa, saborear, ficar juntos, perto, é o que
nos fazer procurar alguém para viver, é a possibilidade de dividir uma vida com
alguém que nos encanta, e isso é tudo.
Muitas vezes um momento, uma cena, algo bom que acontece dentro
da relação é o que a torna mais intensa e ligada, profunda e gostosa de viver.
São momentos assim que ficam pra sempre e fazem com que a
gente se mantenha e decida continuar com alguém em nossa vida, ao nosso lado.
Alguém um dia se interessou por mim e naquele momento,
naquela hora, quando o olhar dela bateu com o meu e nos apaixonamos e decidimos
ficar juntos era apenas pelo que cada um representava um para o outro e era a
única coisa que tínhamos ali de um ao outro, para nós.
O que ela gostou em mim, o que eu gostei nela, não era o que
estava ofertando, nem o que ela estava me presenteando que nos aproximou, mas o
que podíamos ser um para o outro.
Foi o sorriso dela, o meu cheiro, a forma engraçada dela ser,
o jeito como eu a trato, como ela me olha, como eu a beijo, o abraço gostoso
dela, as coisas que conversamos, os planos que temos para o futuro, a alegria
que sentimos juntos, o sabor que é a nossa companhia, o que temos em comum, as
nossas afinidades e a nossa cumplicidade, o nosso encaixe perfeito, o prazer de
sermos um só.
É isso que deve manter uma relação, que se dê presentes, faz
parte, é um ritual, mas é preciso saber que somos nós, é o que se pode viver,
um ao outro, que importa mais, o que irá se experienciar, vivenciar que irá
fazer com que se possa gostar mais.
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