terça-feira, 24 de maio de 2016

Perdoe-se, você não tem culpa, ninguém tem

Perdoe-se, você não tem culpa, ninguém tem

Ronaldo Magella

Sei até que é fácil dizer, quando difícil mesmo é viver, mas, talvez, como tenha dito o poeta Ferreira Gullar, ninguém tem culpa, a gente não tem culpa, não há culpados, precisamos mesmo é nos perdoar e viver a nossa vida, nos perdoar porque nem sempre as coisas irão acontecer como gostaríamos, a vida não será perfeita, nós não seremos perfeitos, ninguém é perfeito, ou, como me disseram, “a verdadeira perfeição tem que ser imperfeita”, pois o que é perfeito para mim nem sempre o será para todos, para o outro, para outrem.

A viver não tem uma lógica matemática, uma fórmula, onde jogamos regras fixas e seguras e esperamos pelo final, a vida é dinâmica, não está parada esperando a sua decisão, a minha, não há um jogador esperando você pensar, escolher e jogar, as peças estão em movimento, o jogo continua mesmo você parado, sempre haverá um final, um perdedor, um ganhador, e quando vencemos, é perfeita a vida, quando perdemos, ela se torna imperfeita, e nunca é uma coisa ou outra, será apenas vida.

E a gente precisa se perdoar, deixar de carregar a culpa do mundo em nossas costas, a imperfeição faz parte do nosso caminho, está em nosso destino, viver é errar, sofrer, claro, também sorrir, amar, sentir, mas o fracasso, a dor, a lágrima está no orçamento da vida, irá pesar em nossa conta final, cedo ou tarde receberemos a fatura com tudo que fizemos de bom e de ruim.

Viver é entender que o nosso amor não será perfeito, o melhor, a nossa felicidade não será a maior, a mais completa, o nosso sorriso não será sempre largo e alvo, nossas pisadas nem sempre poderão ser firmes e seguras, retas, a nossa inteligência não poderá sempre sagaz, sutil, o nosso humor o mais engraçado, a vida é assim, jamais será perfeita, pois o imperfeito faz parte, está incluso no pacote.

Vida, vida, vida, quando penso na vida me ocorre o que disse Ferreira Gullar, viver não tem um sentido, nós criamos um, inventamos, somos como folhas em branco antes de o poeta deitar suas palavras e suas emoções, inúmeras possibilidades, tudo é possível, quando a primeira palavra acontece no infinito da existência elas se reduzem, as opções, surgem as limitações, quando começamos a viver, escolhemos nossos caminhos, fazemos nossas preferência, criamos nossos gostos, limitamos a nós mesmos e a nossa vida, a existência, criamos nossas prisões.


A gente não tem culpa, mas é responsável, o que talvez seja a mesma coisa, mas talvez também não seja. Já não sei mais. Sim, você tem razão, me sinto culpado por viver e até pensei em retornar a terapia para me livrar a culpa. Tem dias que penso que ela foi embora e dias em que posso que ela sempre irá me acompanhar, para sempre. 

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