terça-feira, 26 de abril de 2016

Quanto teus silêncios falam

Quanto teus silêncios falam

Ronaldo Magella 26/04/2016

Perguntei se ela me amava, ela sorriu e disse, “eu gosto de você também”, me abraçou, parecia a melhor resposta do mundo, não foi, não era.

Algum tempo a mais, ela saiu da minha vida, não havia razões ou motivos, ela apenas não queria mais, foi o que ela me disse.

E foi embora pra nunca mais voltar.

Demorei muito tempo pra entender e aceitar aquela decisão. Como tem que ser.

Não cabia dentro de mim de dúvidas e inquietações, o tempo pode até curar as feridas, mas deixa marcas que a gente carrega pra o resto da vida e vez por outra nos lembramos do passado e das coisas que carregamos dentro de nós.

Elas afloram. Fazem-se presente. Saltam de dentro pra fora. Fervem. Pululam. Vibram. Afloram.

Depois de muito tempo, de martelar dentro de mim aquela frase, “eu gosto de você também”, foi que percebi e entendi o silêncio daquele momento.

Era mais o que ela não havia dito, mais, muito mais, do que aquilo que havia sido falado.

Havia um silêncio no ar, que ela transpirava.

Mas não tinha como entender, envolvido, envolto e preso aos meus próprios sentimentos do momento.

O que me fosse dado me seria de bom grado, dava mais do que tinha pra receber, e aquilo me era tudo. Mas não era.

Gostar por gostar, de gostar. Nunca é o bastante.

Gostar só não basta. Aprendi isso.

Isso ela me ensinou.

Depois, distante, lançando um olhar pra o passado e pra o tempo, sobre mim, sobre nós, sobre tudo, me refiz, voltei, caminhei outra vez, fiz a mesma me trilha e encontrei as respostas para os entendimentos necessários das dúvidas pungentes.

Há silêncios que precisam ser ouvidos.

Voisas que calamos que falam mais alto

Há coisas no escuro que são claras, e nem tudo que é visto corresponde a realidade.

Hoje aprendi a procurar pelo que não tenho

Ouço mais o que não é dito

Presto atenção ao que não vejo

É o que falta que precisa estar presente

É o silêncio que precisa ser ouvido


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