Falar em casamento é
careta, cafona e antiquado
Ronaldo Magella 11/01/2016 – jornalista, poeta, escritor, professor,
radialista, blogueiro, tomador de café.
Uma amiga me disse hoje, não quero casar, estou bem, amo meu
trabalho, estou feliz, estou viajando, estou bem comigo mesma, não estou
interessada em outra coisa.
Vez por outra ouço o
mesmo comentário: casar? Deus me livre. Não quero isso pra mim.
Realmente, devo confessar, ter essa obrigação de ter que
aturar alguém, de ser de alguém, de estar com alguém até o fim é um pouco
assustador, principalmente no mundo moderno, que as pessoas são livres, que o
sexo é gratuito, que trocamos de pessoas como mudamos de roupas.
Tenho uma amiga, jornalista, que sempre pergunto sobre sua
vida afetiva, se ela pensa em casamento, e ela sempre me responde que está longe
dos seus planos, ela me diz: não tenho vocação para acordar com alguém do meu
lado, prestar contas da minha vida, voltar pra casa e encontrar alguém me
esperando.
O mais engraçado é que, quando menos espero, ela diz que a
sua vida sentimental é um desastre e que só consegue atrair mala, peso, gente
sem futuro, que não encontra ninguém que seja bom o suficiente para investir
numa relação.
Tenho a impressão que a palavra casamento ganhou ares de
cafonismo, caretice e soa antiquado. Não se pode admitir isso, mesmo que se
alimente por dentro esse sonho, mas falar, é ser reacionário, antigo e chato.
As pessoas querem mostrar que são livres, independentes, que
podem viver sozinhas, que não são carentes e que não estão interessadas em
amor, outra palavra brega, nem em paixão.
Sim, é verdade, não precisamos de ninguém para encontrar a
nossa própria felicidade, e nem podemos atribuir a estar com alguém para sermos
felizes, mas tenho a sensação, uma leve e pequena sensação, de que as coisas
ficam mais gostosas quando estamos com alguém especial ao nosso lado para
compartilhar os nossos momentos, a nossa vida, mas é apenas uma sensação.
Chega um momento na vida que a solidão pesa, que precisamos
conversar com alguém, ter uma companhia, as festas já ficam monótonas, a casa
fica imensa, dormimos e acordamos sozinhos e a vida parece um tédio e chata.
Sou um idiota, tenho que admitir, ainda penso em histórias de
amor, gosta da ideias de encontrar alguém e me prender.
Como disse Fabrício Carpinejar, “liberdade é estar preso a
quem se ama”, quero dividir minha cama, meu café, o controle da televisão, a
pasta de dentes, o último gole de Coca-Cola, a última bolacha do pacote, quero
ser de alguém, já me tenho, agora quero me dar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário