Relações sem afeto e sem carinho: o
medo de se entregar
Ronaldo Magella – jornalista,
professor, escritor, poeta, tem livros publicados
Venho percebendo que os casais modernos não são afeitos a
carinhos e afetos, a sensação que tenho é que há uma certa indiferença no ar
com relação ao outro, barreiras invisíveis ou apenas um nova forma de se
relacionar.
Vejo casais mudos, outros que não se tocam, não andam de mãos
dadas, nem trocam beijos em público, nem pequenos gestos de carinho, talvez
seja vergonha, sim, não há necessidade, é, mas, talvez eu esteja errado, sim,
quero muito estar errado, mas também penso nas minhas relações.
Há um medo de se entregar ao outro, somos inseguros, não
queremos demonstrar sentimentos, preferimos o distanciamento, criar barreiras,
falar pouco, sentir menos ainda, sufocar, prender, tudo com medo de sofrer, não
confiamos no outro, em mais ninguém.
Sim, sou mole, piegas, romântico, chato, idiota, sensível,
mas não quero fazer parte dessa nova roupagem, de nova forma de conviver. Não
pode ser meloso, o outro não gosta, não pode mandar flores, ela não gosta, não
pode chamar de amor, é brega, não pode nada, não pode ser romântico, não pode
nem gostar, é tudo artificial e maquinal.
Só podemos fazer uso do corpo, beija bem, transa legal, tem
pegada, faz gostoso, isso agora justifica as nossas escolhas, mas e depois?
Depois do beijo, da transa, da pegada, do gostoso, o que fica de nós, pra nós,
em nós?
As pessoas tendem a gostar de quem não gosta delas, é
estranha é essa forma de sentir e perceber a vida, as relações. Se você é
indiferente, a pessoa se apega, se você tenta ser carinhoso e sensível, ela
abusa de você, já escutei isso de uma ex-namorada, que afirmou que o meu
problema foi gostar demais, pode isso? Sério?
Desculpem, ainda erro e vou continuar errando por ser
intenso, por sentir e demonstrar, por escrever bilhetes e mandar flores, por
fazer surpresas e comprar chocolate, se alguém não gosta, pode escolher algo
diferente, se alguém preferi, seremos felizes, não mudar a minha essência,
coisas boas e eternes, amar e mudar as coisas, isso me interessa mais.
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