segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Por acreditar que poderia ser bom

Por acreditar que poderia ser bom
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada


Talvez porque tivéssemos o essencial, vida, que poderíamos viver e vivendo tudo poderia acontecer, e por acreditar, e a gente por acreditar se deixa levar pelos sonhos, pelas esperanças, pela utopia, pela ilusão, cheguei a mesmo a acreditar que poderia ser bom, e ainda acredito, e foi assim, aí, que me achei apaixonado por você, ao ouvir um dia você me dizer que a gente poderia dá certo, e me agarrei em suas palavras, as tomei como remédio, buscando a minha cura, as bebi como vinho para esquecer da realidade, as senti como um sermão das manhãs de domingo, minha salvação, e,  mas do que tudo que havia e há em nós, uma cumplicidade, uma metade, a coisa que falta, a pessoa dos sonhos, o amor da vida, a paixão eterna, a melhor amiga, acreditei que poderia ser bom, e ali sozinhos em nossa utopia poderíamos nos achar, encontrar, conversando horas sobre o que tínhamos de melhor, nossa música, nossos assuntos, nossos segredos, histórias, éramos uma amizade que poderíamos transformar em amor, paixão, em música, em literatura, em poesia, e acreditei em te amar, abraçar seu corpo, tocar sua pele, beijar sua boca, acordar do seu lado, ouvir a sua voz, olhar pra você sem vontade de parar, de não querer nunca mais sair da sua vida, e acreditei, em segurar suas mãos, ficar ao seu lado, te levar ao cinema, tomar o nosso café, comprar os nossos livros, te gostar, nos perder pelo mundo sem ter vontade ou hora para voltar, e acreditei, que poderia te fazer feliz, que poderia ser o seu amigo, companheiro, amante, que as coisas poderiam funcionar entre nós, agora, uma vez maduros, iríamos viver o que tínhamos de melhor, lutarmos juntos, lado a lado, por nossas vidas, seguir nossos caminhos juntos, nos encontrando, nos querendo, nos descobrindo todos os dias e nos apaixonando sempre mais, mais e mais, como se isso nos bastasse e nos fosse possível, e por acreditar, como escreveu Clarice Lispector, “pensar é um ato, sentir é um fato”, penso e sinto, no meu teatro foi pra ti que escrevi o roteiro, dirigi a peça, comprei os ingressos, sentei e aplaudi você de pé, sozinho, ali na tua frente, te admirando, amando a tua beleza singela e simples, teus olhos e teu sorriso, teu jeito destrambelhado, sua lenta forma de viver, como se a vida não estivesse passando ou mundo não girasse. Acreditei, e por acreditar te mandei flores, rosas, me deixei ir pra você, ficar e gostar, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios, voltei a sonhar e me tornar crianças, falar de ti, pensar em ti, querer saber de ti, mas só acreditei, e por acreditar apenas acreditei, e cada um acredita naquilo que quer e pode, mas eu acreditei, e mesmo que talvez você não tenha sentido o mesmo, nem tenha me levado a sério, sim, sempre foi verdade, sempre gostei de você, gosto, mas só acreditei, e toda crença é um ato invisível de fé, é um sentimento sem provas, algo que vem do coração e não precisa de mais nada, só acreditar, e acreditei que poderia ser bom, mas só acreditei, apenas isso, só isso e nada mais. 

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