terça-feira, 8 de outubro de 2013

Complicados somos todos nós e ficamos a ver navios em tempos de seca

Complicados somos todos nós e ficamos a ver navios em tempos de seca

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Pergunto pelos amores, ela me diz, sou complicada, entendo, mas esqueci de lhe dizer, todos somos, pois queremos o que não temos, sonhamos docemente enquanto vivemos amargamente, não aceitamos os erros alheios, o que é diferente, queremos sempre as afinidades dos outros, nunca a incompatibilidade presente, talvez muitas vezes a única coisa real, as nossas diferenças.

 Queremos sempre e apenas a beleza exterior e nunca nos permitimos adentrar no âmago do outro e assim nos deixar nos apaixonar pela essência, pelo conteúdo, pela verdade, verdade, não conseguimos nos deixar arrebatar pelo há de mais sincero.
Esqueci de dizer que não é olhando que iremos amar, mas convivendo, aceitando, entendendo, deixando ser e estar, fazendo acontecer, nos permitindo que a vida siga o seu rumo.

 Mais e mas, o mais importante talvez do que gostar e amar alguém é deixar talvez que alguém nos ame e nos faça felizes, estamos preocupados em amar, em gostar, mas poucas vezes deixamos que alguém nos ame, nos goste e à sua maneira nos envolva, tome conta de nós, nos sinta e nos faça melhores, nos arranque sorrisos, nos provoque arrepios, segure o nosso choro, abrace a nossa dor.

Esqueci de dizer que precisamos de tempo para entender o outro e nos acostumar com ele, muitas vezes é um mergulho de olhos fechados, que temos que fazer sem a esperança de voltar, apenas com a certeza e a sensação de ir, mas se for necessário, abrimos os nossos olhos e voltarmos, nos erguemos e fazermos a volta, mas é preciso dizer,  e esqueci, que é preciso tentar, querer, desejar, e o essencial, é querer, e quando a gente quer, a gente acredita, e por acreditar as coisas acontecem e quando  vida acontecem tudo muda e por mudar vivemos e vivendo nos encontramos.

 Foi isso que esqueci de lhe dizer amiga, que complicados somos todos, que complicamos, que nos fechamos, que não nos permitimos, que negamos o amor dos outros, aliás, nunca o amor, pois amor é bom, amor tudo mundo quer, a gente não aceita é quem quer nos amar, é diferente, não gostamos de quem nos quer, nos aceita, nos deseja, e por isso, muitas vezes ficamos apenas a ver navios.

Precisamos muitas vezes estar distraídos para que tudo aconteça e deixar a vida seguir o rumo, esperar sempre pela hora seguinte, viver, sorrir, abraçar, trabalhar, caminhar, e pronto, um dia, quando a gente menos esperar, tudo acontecerá, mas se posso te dizer, e como gostaria que você pudesse entender, se permita, se dê uma chance, experimente algo novo, deixe acontecer, tente permitir que a vida te surpreenda, que alguém que nunca pensou ou sonhou chegue na tua vida e te faça feliz, aceite o amor, o carinho, o afeto, o abraço, se entregue, ouse ser amada.

 Somos muitas vezes como barcos vazios, apenas esperando por algo que nunca irá acontecer, temos que mudar de águas, encontrar outros rios, novas formas de esperançar a vida, de encontrar amor e sentido para as nossas existências.


Foi apenas isso que esqueci de dizer. 

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