Pronto para amar, serenamente.
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor,
blogueiro, radialista, jornalista e mais nada.
Já não ligo mais se ela não me
liga pela manhã, já sei que esqueceu, o tempo foi pouco, já não me importo se ela não me responde
minhas mensagens com tanta pressa, não presto atenção se ela se atrasa um
pouco, não reclamo mais, apenas fico a sorrir, não me maltrata o silêncio dela, sei que ela precisa calar
certas coisas, fingir outras, esconder, dispensar, não me aborreço se ela não
quer ir comigo a algum lugar, nem faço cara feia quando ela me propõe outra
coisa, não fico triste quando ela reclama de mim, nem devolvo a reclamação,
apenas analiso e vejo se ela tem mesmo razão ao me dizer o que me disse, não me
irrito se ela esquece o que eu peço, vou eu mesmo buscar, sei e entendo as suas
razões, motivos, a sua lógica, acho que estou pronto para o amor, para amar.
Não me estressa se sua mãe não a deixa ficar um pouco mais comigo, nem fico
magoado quando ela está indiferente, aprendi que ela precisa de um tempo pra
ela, com ela, dela, as mulheres precisam sempre de um tempo com elas mesmas,
com as suas coisas. Ouço sempre com atenção o que ela me conta, como se fosse a
coisa mais importante da minha vida, abro os olhos, arregalo os ouvidos e me
cravo nela com atenção ímpar, e ouço, ela me contar o seu dia, falar das
amigas, dos trabalho, da faculdade, da mãe, da irmão, sorriu quando ela está
com raiva e me alegro quando ela está feliz, não prendo suas vontades, seus
desejos, atendo seus pedidos, soluciono sempre tudo o que ela me pede, um copo
de água, uma encomenda, uma comida, vou lá, como um servo, cumpro, realizo o
trabalho, a tarefa, a ordem, sempre com um sorriso. Não implico com os seus
gostos, suas músicas, sua distração, diversão, entendi que na diferença posso
me completar, ser melhor, aprendo com aquilo que não tenho, com o que ainda não
despertei minha atenção, nem lhe obrigo a gostar das mesmas coisas que eu
gosto, tenho, penso, quero. Não lhe
cobro nada, sempre pergunto se ela pode, se podemos, quando ela quer me
encontrar, me ver, pensa em ficar comigo, a trato com carinho, não é indiferença,
mas respeito, pergunto sempre se ela
quer ir pra casa, se está gostando, se quer falar alguma coisa, minha atenção é
sempre dela, como meus sorrisos e minha vida, acho, acredito que agora sim
estou pronto para o amor, para amar, maduro para cuidar de alguém, pois agora
não tenho a ânsia de ter alguém pra mim, mas sinto apenas vontade me doar, há
um sentimento desapego, de não posse, ciúme, só uma sensação de fazer o outro
feliz com coisas simples e importantes. Não lhe cobro atenção quando as amigas
lhe reclamam também, não peço para desligar o celular ou me responder, sei
esperar e espero, na paciência de um monge budista. Não imponho obrigações ou
deveres que sei que toda relação tem, apenas a permito gostar e sentir vontade,
desejo e saudade, sei que irás me procurar quando achar deve. Não, não é indiferença,
como já disse, é respeito, é aceitar o outro como o outro é e deixar que tudo
aconteça como tem que acontecer e quando acontece é bom, é gostoso, é saudável,
é puro, é por gostar, e nesse bom, gostoso saudável, puro, sei que as coisas
vão ficando melhores, profundas e vamos nos aproximando sempre um pouco mais a
ponto de não saber mais quem somos divididos, mas nos reconhecermos juntos,
acompanhados, um do outro, ao lado do outro, seguindo.
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