quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Gosto quando ela chama pelo nome

Gosto quando ela chama pelo nome
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Gosto e prefiro quando minha namorada me chama de Ronaldo, minha mãe me chama assim, meus amigos mais íntimos também, mas sei que quando ela me chama pelo meu segundo nome, Magella, é que alguma coisa está errada.

Quando ela me chama de Ronaldo está feliz e de bem comigo, quer carinho, atenção, estamos felizes, não temos nada para resolver, estamos vivendo o pleno do amor, o ápice, o melhor do que podemos sentir e experimentar. Mas quando ela me chama de Magella, me preparo, procuro ouvir mais e falar menos, sei que temos algo a resolver, alguma coisa não está no lugar, ela quer me chamar a minha atenção, quer me dizer alguma coisa.

Magella é quando ela me chama para conversar e discutir a relação, Ronaldo é quando é quer apenas ficar ao meu lado, está com saudade e com vontade de mim. Com um dia de distância ela me chama de Ronaldo, com duas horas de conversa ela já derrapa num sonoro Ah, Magella, é um sinal, um código, disse algo que não deveria ter dito.

Todos temos esses códigos que nos fazemos compreender. Quando estamos em algum lugar e a chamo para ir pra casa e ela me responde, Ah não Ronaldo, é cedo, já sei, ela quer ficar um pouco mais, mas quando ela me diz, Magella, vamos embora, já devo entender que ela não está gostando de ficar ali.

Ela não me precisa me beliscar, me chutar por baixo da mesa, ela só precisa usar o meu segundo nome, Magella, já vou entender que algo não está bem, no lugar, que devemos ir embora, que está na hora, que algo ali não está agradando. Quando ela me chama de Ronaldo, pronto, sei que devo esperar mais um pouco, a noite está maravilhosa, podemos esperar um pouco mais, e me resigno.

Magella é distância, Ronaldo é proximidade, Magella é raiva, Ronaldo é carinho, se demoro para ligar, ela me recebe com oi Magella, se faço feliz, ela me chama de Ronaldo,  e quando ela diz o meu nome todo Ronaldo Magella, prefiro nem ter nascido, começo logo a sorrir para amenizar o momento, entro de sola, como se diz, beijando, com cheiro, segurando as suas mãos e perguntando, diga paixão, vida, amor, o que é que eu fiz agora?

Ela não suporta o meu cinismo, os meus carinhos e me perdoa, me diz Ah Magella você não presta mesmo, mas eu gosto de você Ronaldo.

Pronto, é outro momento que devo entender, da raiva ela passa ao carinho mudando apenas de nome, me chamando de forma diferente, de Magella para Ronaldo, da vontade de me matar ao desejo de amar.


Prefiro quando ela me chama de Ronaldo, mas não deixo de achar graça quando ela me chama de Magella, acho interessante, já sei identificar esses dois momentos, suas alterações de humor, e ela nem sabe que eu sei, sabia, claro, agora ela sabe. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário