segunda-feira, 16 de setembro de 2013

De príncipe virei um sapo

De príncipe virei um sapo
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada.

Errei, e errar dói, é quando a gente percebe que não é perfeito, quando entende que podemos magoar as pessoas, que nem tudo é mesmo como a gente pensa e sonha, quer e almeja, que o nosso orgulho, a nossa vaidade, a nossa posse, o nosso ciúme, o nosso preconceito, a nossa imaturidade por ferir outras pessoas, mas lá na frente vamos percebemos que seremos nós quem sairemos chamuscados e magoados e feridos, machucados e despedaçados.

Sei que nem todo mundo assume os seus erros, principalmente quando se trata de relacionamentos, as pessoas sempre escondem alguma coisa ou tentam justificar os seus defeitos e buscam sempre empurrar para o outro o motivo do fim dos laços afetivos, a culpa nunca está com a gente, sempre com o outro.
Prefiro fazer o contrário, prefiro exaltar o meu lado sapo, sim, o meu fracasso, para que ninguém se engane comigo ou veja algo que não sou. Mesmo com algumas poucas qualidades, admito, sou um desequilibrado e desastrado no amor. Bom seria que a gente não errasse, mas a gente erra, as pessoas erram, as relações terminam, o fracasso salta aos olhos e então a gente se percebe como realmente é.

E isso dói mais ainda. Dói por nos sabermos imperfeitos, dói por machucar a alguém, dói por desperdiçarmos um amor, uma vida, uma esperança. É uma dor que a gente carrega pra sempre e por pensa que poderia ter sido diferente, dói mais ainda, quando pensa que tínhamos tudo ali para sermos realmente e eternamente felizes mas não foi possível, a gente não teve condições de segurar com força, de resistir a nós mesmos e nos deixamos nos afetar pelo que tínhamos de pior, o nosso lado negro, o sapo que existem dentro de nós, dói mais.

Sinto por ter errado, mas confesso e me confessei, não irei outra vez errar, aprendi a lição, que tudo me é possível, mas nem tudo me convém, que existe um limite e que as coisas precisam ser vividas com parcimônia e cuidado, e aprendi mais, que idade não quer dizer maturidade, que uma experiência vivida numa ocasião nem sempre servirá para outra, pois as pessoas são diferentes, cada caso é um caso e a vida é sempre muito dinâmica.

Errar nunca é algo que se espera, apenas acontece, talvez para nos mostrar que a gente não é uma perfeição imaculada que achávamos que éramos. Logo a gente que nos achávamos maduros, experientes, seguros, pronto, basta nos apaixonarmos da felicidade para percebemos que cada pessoa é diferente e pode nos provocar sensações e emoções diferentes e nos fazer dá um passo maior do que podíamos.

Pedi perdão, chorei, me humilhei, implorei, mas reconheço, perdi, de príncipe, passei a sapo, um sapo feio, bocudo, lambão, inchado, um sapo medonho, desses da beira do rio, sapo cururu, assumo meus erros e minhas culpas, como um ser humano nu que não tem medo de se olhar no espelho, mas peço a vênia para recomeçar tudo outra vez do começo e me permitir me transformar em algo melhor, longe de mim querer a condição de príncipe, antes talvez se me fosse possível gostaria de ter a oportunidade de ter a oportunidade de demonstrar o meu amadurecimento e que sim, as pessoas podem mudar e se transformar.


Nunca quis errar, errei, reconheço, não me escondo, nem me desculpo, já que o perdão nunca poderá ser me dado, apenas me afirmo, mas devo acrescentar, não sou um erro, cometi um pecado, mas como tudo pecador arrependido, me curvo diante da vida, genuflexo, cabes baixo, olhar em lágrimas, mãos gélidas, com a dor latejando dentro de mim, mas a esperança renovada de que, tudo é possível de acontecer, e quero acreditar por acreditar que sim, é possível que o sapo que ainda vejo no espelho possa algum dia desaparecer, mas não especulo no que ele possa se transformar, apenas acredito que seja possível mudar, só precisa de uma oportunidade. 

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