quinta-feira, 20 de junho de 2013

Quero....

QUERO A MIM

Ronaldo Magella

Quero me destruir, desconstruir por completo, desmontar as peças, descompor as partes, arrancar os pedaços, me deixar nu, seco, vazio, sem nada. Para depois juntar. Unir por completo, agora colando os versos, os reversos, se fui me desfazendo por fora, agora vou me edificando pelo inverso. Já me vi por fora, quero me conhecer por dentro, já vivo o que sou, quero agora o que não sou. Me quero calado e louco, inquieto e parado, feliz e triste, amargo e doce, quero de mim ambas as partes e as partes minhas todas que conhecer. Tudo que me compõe, os “algos” que me formam, os diamantes extraídos de mim e as pedras ainda brutas que hei de lapidar, quero tudo, me quero todo, saber quem sou, o que posso fazer ou deixar ainda de um dia ser. Quero me abrir e fechar, tirar tudo, repor o que for bom, guardar apenas o essencial, costurar o que me for útil. Quero apenas a mim, os outros que se achem, não os terei em conta, apenas de mim hei de fazer cálculos, somar o que o que sou, subtrair daquilo que penso, dividir pelo que sinto e multiplicar o que me restar. Sonhos perdidos, palavras roubadas, amores sofridos, alegrias vividas, dores consumidas, tristezas sentidas, lágrimas corridas, risos sinistros. Verdades veladas, mentiras abertas, ilusões presentes, realidade ausente. Se vivo o que não sou, expresso o que desejo, mas não o que de fato seja, não quero mais jogar, encerro com a vida o que a vida me deixa brincar. Buscarei outros rumos, outros encantos, a ninguém quero encantar, só a mim mesmo desenganar. Não quero estradas nem desertos, nem estrelas ou paraísos perdidos na beira-mar, antes de ir, agora quero voltar, voltar pra dentro e antes tudo, agora, para sempre me encontrar. 

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