segunda-feira, 10 de junho de 2013

A paixão vive de aparência, o amor do conteúdo

A paixão vive de aparência, o amor do conteúdo
Ronaldo Magella 

A gente pode até se apaixonar pela aparência de outrem, e isso acontece demais, pois é o cartão de visita de qualquer pessoa, a sua beleza exterior, e a gente se deixa num primeiro momento se envolver por essa beleza passageira e rápida que nos chama atenção num primeiro olhar, na primeira vista, mas que nem sempre dura.

O ser humano come com os olhos, vá a qualquer restaurante e lá você terá fotos e imagens de lindos pratos, nunca a descrição dos seus conteúdos ou a forma de como eles são preparados, nós somos atraídos pela visão, pela miragem, pela luz, pela beleza, isso nos basta, olhamos e pedimos, queremos esse.

Assim acontece com a paixão, por ser efêmera, ela precisa de algo que a sustente, que dê lógica a sua loucura e nada mais importante e propício do que a beleza de outrem para nos dizermos apaixonados. A paixão é fútil, ela se apaga a qualquer coisa, visto que é fugaz, ela não precisa de muito pra acontecer, haja vista que logo irá desaparecer da mesma forma que um dia surgiu, num piscar de olhos.

Por isso nos apaixonamos pelos detalhes, pelo rosto, pelo corpo, pelo olhar, pelo sorriso, pela voz, pelo sexo, por qualquer coisa, a paixão não precisa de muito, aliás, é do muito que ela se alimento, mas o muito exacerbado, doentio, aficionado, particularizado.

Diferente do amor, feito pra durar, ele precisa de base, precisa de conteúdo, de raízes, ele não vive se não houver afinidade, sabor, tempero, ele precisa de ingrediente. Enquanto a paixão só precisa da imagem do prato, da comida, o amor precisa saber os temperos, os ingredientes, entender como foram feita as coisas, ir mais a fundo, ser mais profundo.

Poucos de nós refletimos sobre a paixão e o amor, em geral as pessoas confundem as duas coisas, dizem-se amando quando estão apaixonadas e apaixonadas quando amam, o que num é ruim, pois o amor precisa da paixão pra seguir, sobreviver e viver, mas nem sempre a paixão vem acompanhada do amor, de amor.

Tem muita gente abacaxi, feio e espinhento por fora, de cabelos assanhados, mas docinho por dentro, saboroso, gostos, do que o amor precisa. E tem muita gente que parece um limão, amarelo, macio, vistoso por fora, mas azedo por dentro, é do que a paixão precisa.

Tem muita gente imagem, mas sem sabor, que pode nos levar a paixão, mas é opaca por dentro, que não nos levar ao amor, e tem muita gente simples, que pra gente gostar precisa ir a fundo, conhecer, estar junto pra conviver. Por isso muita gente diz, ah, ele, ela num é bonito, mas eu o conheci melhor e me apaixonei, isso acontece demais. E tem muita gente que diz, nossa, aquele menino, menina é muito bonito, mas só conversa besteira, não gostei dele.
Como disse. A paixão vive de aparências, o amor de conteúdos

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